segunda-feira, 20 de março de 2017

Minha continência à pesquisadora do INPA: Fernanda Werneck sendo a única brasileira premiada na edição internacional da “Rising Talents”, que acontecerá dia 21 de março em Paris na França




Entender a nossa biodiversidade para poder valorizá-la e preservá-la a médio e longo prazo, além de repensar nossos hábitos para deter o avanço do aquecimento global. É o que defende a pesquisadora Fernanda Werneck, 35, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), uma das 15 cientistas do mundo – a única brasileira – a ser agraciada na edição internacional da premiação Rising Talents, evento que acontece no próximo dia 21, em Paris, na França.

Werneck, que em 2016 venceu o prêmio Para Mulheres na Ciência - entregue pela L'Oréal, juntamente com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) - lidera uma pesquisa que integra abordagens ecológicas e evolutivas utilizando lagartos como organismos-modelo para avaliar os efeitos de mudanças climáticas globais na variação genética e padrões de fluxo gênico através do ecótono (região de transição Amazônia-Cerrado), as capacidades adaptativas e os riscos de extinção das espécies.

De acordo com ela, os estudos têm como objetivo aprimorar o conhecimento sobre a biodiversidade dessa região, que coincide com o Arco do Desmatamento, e abrange mais de 500 mil quilômetros quadrados entre Pará, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas, para ajudar a criar melhores estratégias de conservação. “Esses animais dependem muito de temperaturas ambientais para regular a temperatura do corpo e são mais suscetíveis às mudanças”, aponta a cientista brasileira.

Ela revela que estudos preliminares mostraram que as populações de lagartos vivem em temperaturas críticas, sendo que os limites máximos térmicos que as espécies parecem suportar são maiores no ecótono do que na porção central da Amazônia. “Estamos usando abordagens atuais de sequenciamento de DNA para saber se essas populações passaram por processo seletivo, se aguentam temperaturas maiores do que já foram selecionadas para entender onde estariam mais em risco de extinção”.

A pesquisadora explica que esse tipo de pesquisa é muito importante para subsidiar estudos posteriores sobre as espécies. “Não é muito fácil chamar atenção para essas pesquisas básicas porque muitas pessoas têm dificuldade de ver sua aplicação. Mas, para preservar, a gente precisa entender. Estou muito feliz. É uma honra muito grande poder receber esse reconhecimento que vem premiar não só uma carreira, mas um projeto que é fruto de um esforço colaborativo”, disse Fernanda Werneck.

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