sexta-feira, 8 de março de 2013

Por que policiais “morrem mais” que o cidadão comum?


Matéria do Site Abordagem Policial publicada no dia 01 de novembro de 2012.
Categoria: Polícia e Política, Reflexão | Autor: Danillo Ferreira.

        Algumas coisas parecem óbvias, desnecessárias de serem ditas, mas justamente por possuírem este estatuto acabam por ser desapercebidas e convenientemente ignoradas. Não é novidade que o grupo dos policiais é mais vulnerável a mortes não naturais do que as demais pessoas da sociedade, por motivos que parecem unânimes e evidentes, mas nem sempre estudados e considerado no desenvolvimento de políticas pública na área de segurança pública.
                  Após o levantamento parcial feito pelo jornal Folha de São Paulo, apontando que um policial morre a cada 32 horas no Brasil, vale a pena investigar quais são as peculiaridades da atividade policial que levam esses profissionais a estarem mais expostos do que outros trabalhadores:
Confrontos em Serviço
                Esta parece ser a causa mais óbvia, pois até mesmo os filmes de Hollywood demonstram que policiais podem, durante o serviço, se confrontar com criminosos que estejam dispostos a fazer frente à força legítima do Estado. Nem sempre esta força incide de modo a evitar tragédias, e policiais acabam tombando assassinados no desempenho da função.
Represálias
                   Ser policial, muitas vezes, é contrariar interesses de pessoas mal intencionadas e interessadas em lucrar a partir da lesão ao outro. Quando a polícia intervém evitando que tais práticas se propaguem é possível que o criminoso tome a ação como “pessoal”, e resolva exterminar os responsáveis por frustrar seus negócios ilegais. Assim, policiais morrem, simplesmente, por terem cumprido seu papel.
Acidentes no exercício função
                  Em uma perseguição policial, ou num salvamento a uma vítima, o motorista de uma viatura às vezes se vê compelido a exceder os limites de velocidade e a desobedecer as normas de trânsito visando ter êxito em uma ocorrência. Há muitos casos em que acidentes graves e fatais ocorrem por causa desta exposição às vezes necessária. Também se enquadra neste caso acidentes com armas de fogo.
Reconhecimento fora de serviço
                Um assalto está em pleno andamento quando um policial fardado, voltando do serviço, acaba sendo visto pelos criminosos, que resolvem investir contra o policial evitando qualquer rechaça a seus atos criminosos. O mesmo ocorre quando o policial é identificado por documentos, apetrechos em seu veículo etc.
Reação a assalto
                  Com a muito frequente ocorrência de roubos atualmente, não é difícil que um policial seja vítima dessa modalidade delituosa, e, no caso de estar portando arma de fogo, quase sempre a alternativa é reagir, correndo o risco do erro e consequente desfecho trágico.
                 Como se vê, existem pelo menos cinco motivos que expõem o policial à letalidade que o resto da população é imune. A pergunta que fica é sobre as medidas adotadas pelos governos para reduzir estas possibilidades, resguardando o máximo possível o direito dos policiais à vida.

Autor: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com
 

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