segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Estiagem causa danos e prejuízos ao setor primário do Amazonas e à população em geral.


Chuvas abaixo da média no período que deveria marcar o início do inverno amazônico deixa rios e lagos secos e produtores rurais preocupados com a queda na produção e as queimadas.


Os pastos ficam empobrecidos, as lavouras não se desenvolvem e a população sofre consequências que vão além do aumento de preço dos produtos do setor primário em razão da escassez. Esses são alguns dos efeitos ocasionados pela estiagem, principalmente quando ocorre fora de época, como acontece nesse início de ano no Amazonas, onde três municípios estão em situação de emergência por causa da falta de chuva.

Em Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), a estiagem afeta a distribuição de água potável a população. De acordo com o secretário da Defesa Civil do Amazonas, Fernando Pires Junior, os mananciais de água doce do município estão abaixo do normal e existem algumas comunidades que estão praticamente isoladas. Ainda não há desabastecimento de gêneros alimentícios, mas há em relação à água potável.

Conforme ele, os moradores de comunidades rurais como Rumo Certo, do Canastra, Nova Jerusalém e Nova Floresta estão recebendo água potável por meio de carros-pipa. Na sede do município, a alternativa encontrada foi abrir poço artesiano para atender a demanda. “O Governo do Amazonas firmou um convênio na ordem de R$ 100 mil para contratação de carros-pipa que devem garantir o abastecimento de água potável no município”, relata.
Nos municípios do Alto Rio Negro - Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira - onde a estiagem está rigorosa, o problema é no reabastecimento de gêneros alimentício. Conforme Fernando Júnior, o comercial está sentindo a falta de alguns produtos que não estão chegando às comunidades por conta das descidas das águas. “O rio está muito seco e prejudica o tráfego das embarcações, bem como, o abastecimento e reabastecimento das comunidades”, ressalta.

O secretário disse que a maior preocupação em relação à estiagem é com o acesso a água potável pela população. Ele ressaltou que técnicos da Defesa Civil do Estado realizam levantamento para verificar as condições das comunidades situadas nos municípios que estão sendo afetados pela estiagem. “A nossa preocupação é manter a vida social dos moradores dessas comunidades dentro da normalidade por isso vamos trabalhar um plano de contingência para caso de desastre”, conta.
Situação tem reflexos negativos em vários setores 
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), tanto pecuaristas quanto agricultores estão tendo prejuízos em virtude da estiagem prolongada que atinge o Estado em pleno inverno amazônico, quando geralmente há muita precipitação de chuvas. “Essa estiagem inesperada está trazendo prejuízos significativos para todo o setor primário”, afirma o presidente da entidade, Muni Lourenço Silva Júnior.

Conforme ele, Presidente Figueiredo, que tem tradição na cultivação de banana, teve uma perda quase total da produção esse ano em função da estiagem e da deficiência do período chuvoso. O mesmo ocorreu em uma fazenda no município de Itacoatiara (a 176 quilômetros da capital), que teve prejuízos na atividade de coco. “Devido às altas temperaturas e a falta de chuva toda a produção de coco foi perdida”, destaca.


Os danos não são somente na agricultura, de acordo com Muni, a pecuária também sofre porque sem chuva as pastagens ficam empobrecidas. “O gado não engorda o esperado e há queda na produção. Fazendas produtoras de leite que antes produziam 800 litros de leite por dia, por exemplo, hoje produzem de 100 a 150 litros no mesmo período. Os municípios mais afetados são Autazes e Presidente Figueiredo”, relata.

Ele salientou que vários segmentos agropecuários estão sendo afetados pela estiagem, o que preocupa. “Estamos muito preocupados porque além de ocasionar prejuízos a milhares de produtores rurais, a estiagem também causa o endividamento de produtores que tomaram crédito junto a instituições financeiras e agora sem produção se veem sem condições financeiras de honrar as dívidas”, afirma.
Importação
Conforme a Faea, com a queda da produção rural local, que não atende o mercado consumidor de Manaus, há aumento da necessidade de importação de alimento de outras regiões, isso significa produtos mais caro, pois incide sobre eles o custo de logística, do frete, do dólar, entre outros.

Nenhum comentário: