sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Com PM em greve, Bahia vive dia de assassinatos e assaltos a lojas

O Deputado Cabo Maciel que lidera a negociação da Lei de Subsídio democraticamente com o governo do Estado se solidarizou com as lideranças militares do movimento grevista da Bahia.



Por Juliana Castro (juliana.azevedo@oglobo.com.br)
Agência O Globo


Homens da Força Nacional foram deslocados para a Bahia
BRASÍLIA - Com os policiais militares em greve há três dias, a Bahia sofre com a onda de violência, que atinge principalmente a região metropolitana de Salvador. Nesta sexta-feira, foram registrados 20 assassinatos e sete tentativas de homicídio em dezesseis horas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do estado. Neste mesmo dia, na semana passada, foram 13 mortes em 24 horas. Cinco lojas da Cesta do Povo, rede de supermercado controlada pelo governo estadual, foram assaltadas entre esta quinta e esta sexta-feira em Salvador. Os crimes aconteceram nos bairros da Liberdade, Caixa D'água, Ogunjá, Mata Escura e Pirajá. Nesses dois últimos bairros, os bandidos levaram todos os produtos e equipamentos.

A situação em Mata Escura é de insegurança em todo o bairro. O comércio não abriu nesta manhã e delinquentes estão jogando pedras nos veículos que circulam na região, na tentativa de roubar alguns pertences. Foi neste bairro que, na noite de quinta-feira, morreu o percurssionista do Olodum Denilton Souza Cerqueira, de 34 anos. Ele foi baleado na cabeça e nas costas durante uma tentativa de assalto. Em nota publicada em seu site, o Olodum disse estar de luto.

O juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Eduardo Almeida Brito, considerou ilegal o movimento grevista, de PMs ligados à Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra-BA). O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro, confirmou nesta sexta-feira que 10 mil PMs aderiram à greve por tempo indeterminado, o que representa um terço do efetivo da corporação.
O clima está tenso na Bahia

Diante da situação, o Ministério da Defesa informou que vai dobrar o número de homens da Força Nacional para ajudar a reforçar o policiamento e a conter a onda de violência na Bahia. Segundo o ministério, 1.250 homens já foram enviados à capital e outros 1.350 começam a chegar ainda nesta sexta-feira, totalizando 2.600 militares. O governo federal também está disponibilizando quatro helicópteros.

Por volta das 15h, uma Força Tarefa da Brigada Paraquedista composta por 150 militares deixou o Rio com destino a Salvador. Caso seja necessário, o Ministério da Defesa informou que outros 4 mil militares da 10ª Região Militar de Fortaleza (CE ) poderão der acionados para reforçar a segurança na Bahia.

Governador fará pronunciamento na TV

Governador da Bahia, Jacques Wagner


As notícias sobre a sensação de insegurança fizeram com que o governador Jaques Wagner decidisse falar nesta sexta-feira, às 20h, em cadeia regional de rádio e TV. Segundo informações da Secretaria de Comunicação, o governo vai reafirmar que o governo da Bahia está adotando todas as providências para assegurar a segurança e a tranquilidade da população.

Segundo a secretaria, o governador coordena, ao longo do dia, as ações que vêm sendo tomadas pela Secretaria de Segurança Pública para por fim ao movimento de parcela da Polícia Militar.

Diante da sensação de insegurança, alguns eventos foram cancelados e adiados na Bahia. Um deles, o "Cerveja e Cia Folia", que teria a presença da cantora Ivete Sangalo, não vai mais ocorrer neste sábado "devido à greve da Polícia Militar do Estado da Bahia" e para "zelar pela segurança dos foliões". Uma nova data para o evento será divulgada na próxima semana. Aqueles que compareceriam ao evento poderão para realizar a troca pelo novo ingresso ou ser ressarcido.

O evento República do Reggae, marcado para o domingo, foi adiado para o dia 12 de fevereiro. O festival acontecerá no mesmo local e horário, no Wet'n Wild.

O Projeto Música no Parque também adiou o evento de domingo "diante da greve da Polícia Militar e da insegurança que tomou conta de toda a cidade". O show com o grupo Bailinho de Quinta acontecerá no dia 26 de fevereiro, primeiro domingo após o Carnaval.
Viaturas estão paradas na Bahia

Depois de cogitar a suspensão sos serviços de transporte em Salvador, o Sindicado dos Rodoviários decidiu, em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira, que os ônibus do sistema público vão funcionar normalmente. De acordo com o Sindicato, com a presença dos homens do exército e da Força Nacional, o governo do estado garantiu a segurança dos rodoviários.

Segudo o diretor do Sindicato, Hélio Ferreira, os ônibus só serão recolhidos se não houver segurança nas ruas. "O governo se comprometeu com a categoria, mas caso não haja segurança, os ônibus podem ser recolhidos mais cedo, sim", afirma. Em ofício ao Sindicato, o secretário de Relações Institucionais, Paulo Cezar Lisboa, em nome do governador Jaques Wagner, fez um apelo a que os trabalhadores "mantenham suas atividades, uma vez que estamos dando condições para assegurar o direito de ir e vir dos cidadãos".

Já os servidores da Transalvador decidiram retornar ao trabalho, durante assembleia realizada nesta sexta-feira pela Associação dos Servidores em Transporte e Trânsito do Município (Astram) e o Sindicato dos Servidores em Trânsito e Transporte de Salvador e Região Metropolitana (Sindttrans). Durante a paralisação, que começou na última quarta-feira, somente 30% do efetivo estava nas ruas realizando blitzes de fiscalização pela cidade. De acordo com nota divulgada pela Astram, uma nova assembleia vai acontecer na proxima quarta-feira.
Grevistas cobrem o rosto


O secretário de Segurança da Bahia, Maurício Barbosa, disse na quinta-feira que o reforço no policiamento integra um pacote de medidas para a restauração da sensação de segurança. Ele se reúne nesta sexta-feira com representantes de associações de policiais para discutir o assunto.

- Não negociamos sob coação - disse Barbosa, em entrevista coletiva.

O procurador-geral do estado, Ruy Moraes, disse que, se a Aspra não suspender o movimento, será cobrada multa de R$ 80 mil por dia de paralisação. A decisão judicial está em vigor e foi comunicada quinta-feira à associação.





2 comentários:

Anônimo disse...

Muito triste a situação, mas fique claro que a responsabilidade não é só da polícia mas principalmente do Estado como um todo. As PMs estão esquecidas pelo poder público, seguros na imposibilidade de greve e na prisão disciplinar, muitas autoridades abusam do poder e sujeitam a PM a alguns sufocos. A PM recebe missões difíceis e cabe a ela executá-las. Mas cabe ao Estado prover todo o apoio necessário, alimentação de qualidade, equipamentos precisos e principalmente um salário digno.

Anônimo disse...

se outro estado entrar de greve junto com o estado da BH o brasil vai ficar um caos!